terça-feira, 10 de junho de 2014

GUERRA FRIA E ENSINO DO MANAGEMENT NO BRASIL – O CASO DA FGV-EAESP

          Olá caro leitores, hoje trouxe um texto de um novo colaborador do blog, o Rafael Figueira. Ele entende do negócio e trouxe para nós um texto repleto de informações das quais discutimos em uma aula passada. Espero que gostem!
          Obrigada pelo espaço Bruno!
Quero iniciar dizendo que, o artigo faz uma análise da influência que a Guerra Fria exerceu relacionado a disseminação das idéias, e da forma de pensar e ensinar o management no Brasil, pois trata-se de um período importante no qual houve a criação e o desenvolvimento da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.
         O principal foco do artigo é investigar quais os aspectos influentes da forma de ensinar do sistema norte americano em relação ao ensino proposto desde a criação da EAESP. Pois, a Guerra Fria iniciara após a segunda Guerra Mundial, momento em que no Brasil se difundia o ensino da escola de administração no Brasil, meados da década de 1950.
Na Guerra Fria a ideologia adotada por EUA e Soviéticos são opostas, enquanto a URSS adotava uma postura autocrática, onde apenas uma parcela era detentora de poder e limitava as possíveis oportunidades; o EUA, adotou uma postura democrática onde as pessoas tinham liberdade e acesso as oportunidades, em meio a um mercado que valorizava o empreendedorismo e a criatividade individual. Desta forma, todo o período enquanto havia a guerra foi importante para a consolidação do pensamento de management, partindo da ideologia norte americana até mesmo na efetiva participação das autoridades governamentais do país, na qual envolveu-se na criação da EAESP fornecendo apoio técnico e financeiro.O que impulsionou a decisão de criar essa escola, foi a política externa do EUA através do Ponto IV que tinha como premissa auxiliar áreas subdesenvolvidas mais fortemente influenciado pela Guerra Fria, juntamente com o interesse dos governantes brasileiros atrelado ao desenvolvimento nacional.
Assim, diante da parceria dos governos sob a influência da guerra o foco era de criar uma escola exclusiva para o ensino da administração de empresas. Mas a FVG sofreu bastante resistência naquele período, pois eram contestados por líderes e profissionais de outras áreas como marketing, finanças, engenheiros e advogados, partindo do ponto de vista que os cargos que os futuros administradores formados pela faculdade iriam ocupar, já eram ocupados por profissionais destas áreas já existentes.
Em contrapartida, a FGV continuou com esforços para consolidar a EAESP e juntamente com o apoio do governo do EUA, governo brasileiro, intermediados pela CAPES (Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior) conseguiram materializar o projeto.
     Após começar a serem ministrados o curso, nos dois primeiros anos os alunos tinham disciplinas ligadas as ciências sociais como: sociologia, psicologia, legislação comercial; e nos dois outros anos disciplinas específicas da administração, como: contabilidade gerencial, marketing, finanças, produção e estratégia, recursos humanos, entre outros.
Durante muitos anos o material didático utilizado na EAESP, era material norte americano. Dessa forma, com o passar do tempo viu-se a necessidade de desenvolver material didático brasileiro, assim estabeleceu-se uma parceria com a organização Ford Foundation com a EAESP com este objetivo.
Por fim, o curso de administração criado pela FGV afetou criteriosamente outros cursos de graduação no país, e conclui-se também que os currículos dos profissionais formados no Brasil tem mínima influência da escola e dos preceitos da ideologia democrática e empreendedora do EUA durante o período da Guerra Fria.




Texto: Rafael Figueira
Editor Chefe: Bruno Segatto
Revisora: Raquel Maranho
Diagramadora: Bianca Junqueira

Fonte: PINHO, José Gomes de. GUERRA FRIA E ENSINO DO MANAGEMENT NO BRASIL: O CASO DA FGV-EAESP. Rae: Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 3, n. 52, p.284-299, 01 maio 2012. Bimestral.

3 comentários:

  1. Parabéns Rafael e ao grupo pela postagem, bom acredito que sem dúvidas o sistema de ensino brasileiro principalmente na nossa área de estudo sofreu influências fortes do sistema americano, principalmente depois da guerra fria como explicitado acima. O modelo se baseia muito no dos EUA, porém com uma estrutura não comparável a dos americanos.

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  2. Tivemos uma forma de ensino baseado nos padrões americanos. Fomos financiados por eles e isto nos abriu portas. Tivemos sorte e sabedoria de ter os Estados Unidos como nossos tutores, por serem democraticos, por serem capitalistas e globalizados. Mas ainda estamos muito atrás dos americanos quanto ao assunto estrutura e qualidade, bem como disse o Alexandre Marcos. Precisamos ainda trabalhar muito para ser comparados a eles.

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  3. Acho que o fato dos norte-americanos terem financiado o ensino da administração no Brasil fez toda a diferença, tendo em vista que o governo brasileiro não seria capaz de implantar isso sozinho por não ter conhecimento suficiente e além disso não tinha quem financiasse essa nova escola. A questão a ser pensada é que o modelo precisa passar por adequações, uma vez que as estruturas econômicas, políticas e culturais dos dois países envolvidos são diferentes, e um modelo que deu certo lá nem sempre dará certo aqui.

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