terça-feira, 10 de junho de 2014

A busca da ética nas práticas organizacionais

             Obaaaaaaa mais um post quentinho. Eita pessoal que gosta de discutir sobre RH! E não precisa agradecer pelo espaço não Lucas, manda ver!

            A ética empresarial é de fato um interessante assunto a ser discutido, sendo de extrema necessidade a busca por uma maior conscientização de gestores sobre o papel que irão desempenhar frente às empresas de qualquer setor. Afinal, não se trata apenas de um jogo onde quem atinge maior eficiência, eficácia ou economicidade vence, não importando o preço a ser pago por essa vantagem. 
              Uma atitude anti-ética pode na verdade afetar a vida de uma extensa quantidade de stakeholders que confiam na organização em questão, ou ainda, a vida de muitos cidadãos que estejam a mercê de um governo carente de governança (e de ética).  Competitividade, busca por vantagens competitivas, menor custo, resultados financeiros cada vez maiores, tudo isso é buscado pelas empresas para que possam sobreviver ou até se destacar nos mercados que atuam. O problema é, até onde vai a busca para atingir resultados esperados? 
               Sabemos que muitas vezes, as organizações não demonstram que o respeito ao ser humano e ao ambiente está de fato entre suas prioridades, e sem pestanejar lançam mão de ações que a condenam nesse sentido, e é claro, na doce ilusão de que ninguém desconfie, e que felizmente não é o que sempre acontece.
                 No setor público, temos vários exemplos de escândalos de corrupção, haja vista o caso do mensalão, que se trata de formação de quadrilha envolvendo servidores políticos em esfera federal, estadual e municipal. Já um exemplo no setor privado é o da construtora Encol, uma das maiores do ramo no Brasil na década de 80, que foi à falência no ano de 1999. Inicialmente, a empresa foi investigada pelo governo por sonegação de impostos e emissão de notas fiscais falsas. Posteriormente, mais podres como formação de caixa 2,  lavagem de dinheiro e estelionato vieram à tona. Em 1999, ao pedir concordata, deixou a própria sorte milhares de clientes que estavam pagando pelo sonho da casa própria.          
               Outros milhares de funcionários tiveram que correr atrás de seus direitos, sendo muitos deles indenizados por muito menos que teriam por direito. Para finalizar, um caso mais recente, o escândalo na Europa de carne de cavalo encontrada em produtos que se diziam ‘’100% carne bovina’’, resultando em um ‘’empurra-empurra’’ da responsabilidade pelo ato. A Nestlé descobrindo a fraude em seus produtos culpou o grupo brasileiro JBS (um dos maiores produtores de carne do mundo e dono da famosa marca ‘’Friboi’’), seu fornecedor de carne bovina. Esse, por sua vez, alegou ter comprado a carne na Alemanha. Bem, não precisamos pensar muito para saber que quem pagou o pato foi o mais fraco, o pequeno fornecedor alemão. Fica a questão: se na Europa está assim, estaríamos imunes aqui no Brasil?
                E fica ainda a reflexão para o leitor: Nos casos acima, temos a ilustração de como decisões de executivos que, em tais cenários se abdicaram de valores morais e éticos, podem afetar de maneira negativa a vida de muitas pessoas, tudo em busca de dinheiro e poder. Você acredita que aqui no Brasil, nossa geração ou as próximas podem reverter esse quadro de ‘’crise ética’’, se apegando mais ao que é certo, e deixando de lado as práticas anti-éticas?


Texto: Lucas CoutinhoEditor Chefe: Rafael FigueiraRevisador: Caio César GuimarãesDiagramador: Gustavo Nogueira

Fonte: 
Texto: BORGES, Jacquelaine Florindo; MEDEIROS, Cintia Rodrigues de Oliveira; CASADO, Tania. Práticas de gestão e representações sociais do administrador: algum problema? Cadernos Ebape.br. Rio de Janeiro, 01 jul. 2011. p. 530-568.
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=9GeZ1OYm6RA

GUERRA FRIA E ENSINO DO MANAGEMENT NO BRASIL – O CASO DA FGV-EAESP

          Olá caro leitores, hoje trouxe um texto de um novo colaborador do blog, o Rafael Figueira. Ele entende do negócio e trouxe para nós um texto repleto de informações das quais discutimos em uma aula passada. Espero que gostem!
          Obrigada pelo espaço Bruno!
Quero iniciar dizendo que, o artigo faz uma análise da influência que a Guerra Fria exerceu relacionado a disseminação das idéias, e da forma de pensar e ensinar o management no Brasil, pois trata-se de um período importante no qual houve a criação e o desenvolvimento da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.
         O principal foco do artigo é investigar quais os aspectos influentes da forma de ensinar do sistema norte americano em relação ao ensino proposto desde a criação da EAESP. Pois, a Guerra Fria iniciara após a segunda Guerra Mundial, momento em que no Brasil se difundia o ensino da escola de administração no Brasil, meados da década de 1950.
Na Guerra Fria a ideologia adotada por EUA e Soviéticos são opostas, enquanto a URSS adotava uma postura autocrática, onde apenas uma parcela era detentora de poder e limitava as possíveis oportunidades; o EUA, adotou uma postura democrática onde as pessoas tinham liberdade e acesso as oportunidades, em meio a um mercado que valorizava o empreendedorismo e a criatividade individual. Desta forma, todo o período enquanto havia a guerra foi importante para a consolidação do pensamento de management, partindo da ideologia norte americana até mesmo na efetiva participação das autoridades governamentais do país, na qual envolveu-se na criação da EAESP fornecendo apoio técnico e financeiro.O que impulsionou a decisão de criar essa escola, foi a política externa do EUA através do Ponto IV que tinha como premissa auxiliar áreas subdesenvolvidas mais fortemente influenciado pela Guerra Fria, juntamente com o interesse dos governantes brasileiros atrelado ao desenvolvimento nacional.
Assim, diante da parceria dos governos sob a influência da guerra o foco era de criar uma escola exclusiva para o ensino da administração de empresas. Mas a FVG sofreu bastante resistência naquele período, pois eram contestados por líderes e profissionais de outras áreas como marketing, finanças, engenheiros e advogados, partindo do ponto de vista que os cargos que os futuros administradores formados pela faculdade iriam ocupar, já eram ocupados por profissionais destas áreas já existentes.
Em contrapartida, a FGV continuou com esforços para consolidar a EAESP e juntamente com o apoio do governo do EUA, governo brasileiro, intermediados pela CAPES (Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior) conseguiram materializar o projeto.
     Após começar a serem ministrados o curso, nos dois primeiros anos os alunos tinham disciplinas ligadas as ciências sociais como: sociologia, psicologia, legislação comercial; e nos dois outros anos disciplinas específicas da administração, como: contabilidade gerencial, marketing, finanças, produção e estratégia, recursos humanos, entre outros.
Durante muitos anos o material didático utilizado na EAESP, era material norte americano. Dessa forma, com o passar do tempo viu-se a necessidade de desenvolver material didático brasileiro, assim estabeleceu-se uma parceria com a organização Ford Foundation com a EAESP com este objetivo.
Por fim, o curso de administração criado pela FGV afetou criteriosamente outros cursos de graduação no país, e conclui-se também que os currículos dos profissionais formados no Brasil tem mínima influência da escola e dos preceitos da ideologia democrática e empreendedora do EUA durante o período da Guerra Fria.




Texto: Rafael Figueira
Editor Chefe: Bruno Segatto
Revisora: Raquel Maranho
Diagramadora: Bianca Junqueira

Fonte: PINHO, José Gomes de. GUERRA FRIA E ENSINO DO MANAGEMENT NO BRASIL: O CASO DA FGV-EAESP. Rae: Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 3, n. 52, p.284-299, 01 maio 2012. Bimestral.